Entrada gratuita: Companhia Dança sem Fronteiras, formada por artistas com e sem deficiência, hoje e amanhã (dia 14), no Teatro Elis Regina

O público é convidado a assistir Ciranda de Retina e Cristalino e Frestas Poéticas, obras interativas, dirigidas por Fernanda Amaral,  que seguem a abordagem da cultura corporal do movimento acessível para todos, acolhendo a diversidade dos participantes com habilidades mistas e quebrando barreiras e preconceitos.

Nos dias 13 e 14 de junho, o Teatro Elis Regina, em São Bernardo, no ABC Paulista, recebe dois espetáculos da companhia Dança sem Fronteiras, dirigida pela premiada bailarina, coreógrafa e educadora Fernanda Amaral, e formada por artistas com e sem deficiência.

Hoje, primeiro dia, às 15h, o público assiste Ciranda de Retina e Cristalino. Amanhã, sexta-feira, a mesma obra é apresentada às 19h, depois de Frestas Poéticas, às 16h. Ambos contam com entrada gratuita e recursos de acessibilidade.

Ciranda de Retina e Cristalino

Criado inicialmente para o ambiente virtual e depois adaptado para o presencial, Ciranda abarca em seu processo de criação as vivências e adaptações diárias dos bailarinos da companhia nos tempos de afastamento social, impostos pela pandemia de covid-19, e encontros por meio de telas. Desta forma, o olhar, o ver, o não ver e o próprio olho são objetos de pesquisa. 

No palco, os sete intérpretes estão isolados em círculos, mas conectados por suas narrativas corporais, que às vezes se unem em uma só coreografia formada por diversos corpos e olhares, levando-os a uma grande ciranda da memória. Como diz a letra da canção Ciranda – Piscadas e Miradas, composta por Amaral e Wagner Dias, para o espetáculo: “foca e desfoca, provoca um novo olhar em uma só virada, do mundo que gira, gira e dá voltas lembrando da Ciranda sem fim.”

A obra é marcada por vários personagens. A artista Lucinéia Felipe dos Santos, por exemplo, dá vida à Retina, mulher com baixa visão que dança atrás de sua janela. Cristalino, encenado por Gabriel Domingues, é um jovem com baixa visão, que se equilibra fazendo malabarismos na penumbra com sua bengala verde e sua roda iluminada. 

Cecília, interpretada por Ana Mesquita, baila com seu olho roda, com grandes cílios. Íris e Cornélia, representadas por Fernanda Amaral e Cintia Domingues, respectivamente, têm duas faces. Dançam e refletem suas imagens em um grande espelho. Pupila, personagem de Carmen Estevez, e Desfocado, de Rafael Barbosa, dançam cada um com sua roda. A diferença é que ele está em sua cadeira de rodas. 

As composições coreográficas são desenhadas de acordo com os corpos dos bailarinos e suas características únicas. O mesmo funciona para a trilha e a iluminação, fundamentais no desenho das cenas, delimitando espaços e diálogos com a dança e a dramaturgia. 

Frestas Poéticas

Frestas foi feito para ser apresentado em espaços não convencionais. É composto por cenas lúdicas e intrigantes, que envolvem o público – convidado no final da apresentação a entrar na dança.

“Muitas vezes, a plateia não acredita que vários dos bailarinos não estão enxergando com os olhos e sim com outros sentidos”, conta Fernanda Amaral sobre a interação entre os artistas e espectadores.

Para isso, em cena, os intérpretes recorrem a técnicas de dança contemporânea e DanceAbility – método que utiliza a improvisação de movimento para promover a expressão e a troca artística entre pessoas com diversas aptidões, idades e origens, com e sem deficiência, com ou sem experiência em dança.

A dramaturgia é construída no decorrer do espetáculo, com o auxílio de objetos de tecnologia assistiva, como muletas, cadeira de rodas e bengalas. Partes de um manequim revestidas de cobertores cinzas e pequenos olhos, dando forma a um boneco, também fazem parte da encenação. 

Sobre a Cia

A Dança sem Fronteiras reivindica a cidade como o lugar de todas as danças, mostrando que as diferenças somam, transformam e libertam o olhar para a beleza do diverso. Criada em 2010 pela bailarina, coreógrafa e educadora Fernanda Amaral, a companhia já se apresentou em mostras e festivais nacionais e internacionais, presenciais e online, com elenco diverso. Foram mais de 12 espetáculos encenados em teatros, museus e espaços abertos. Durante a pandemia de covid-19, integrou a programação virtual do SESC em Casa e festivais, como o FIOD – Festival Internacional de Danza de Maracaibo, na Venezuela, e Thrive Aid – the Art of Protest, nos Estados Unidos, Austrália e Reino Unido.   

Entre prêmios e editais conquistados, destacam-se: Prêmio Prince Claus Fund for Culture and Development(Holanda/2013); ProAC (Produção de Espetáculo e Temporada de Dança), em 2014, com a obra Olhar de Neblina; quatro edições do  Fomento à Dança para a cidade de São Paulo;  Prêmio Denilto Gomes, em2020, por Olhares dos Sapato,  e em 2021 por Ciranda de Retina e cristalino online; British Council e Unlimited – em parceria com artista com baixa visão do País de Gales; Prêmio Dança Acessível Funarte, em 2022; e British Council e Unlimited Artist Partner, em 2023 e 2024

A Dança sem Fronteiras também realiza regularmente inúmeras ações educacionais e videodanças, com participação em mostras e festivais nacionais e internacionais, entre eles: IRMAP – nos anos 2020, 2021, 2022 e 2023; Festival Internacional de Vídeodança – Ribeirão Preto (SP); Cuerpo Mediado – Festival Internacional de Videodança, de Rosário, na Argentina; Hibrido Festival de Videodança, com inclusão no acervo online permanente do festival; Mostra Corpos em Perspectivas; Centro Coreográfico do Rio de Janeiro; Bienal Internacional de Dança do Ceará; Blanc Festival de Vídeo e Dança do Amazonas; Festival Internacional de Videodança do Rio Grande do Sul,  Sans Souci Festival (2022), e All Together – Londres, em 2022 e 2023. 

Sobre Fernanda Amaral

Bailarina, coreógrafa e educadora com 35 anos de experiência profissional. Nascida no Brasil, residiu na Grã-Bretanha por 20 anos, onde se graduou em Educação. Possui vários títulos internacionais em dança e teatro, incluindo vários certificados em DanceAbility. Recebeu vários prêmios, como Bonnie Bird, em 2009, pelo Centro Laban em Londres, na Inglaterra; Arts Council, no País de Gales, Lisa Ullmann, entre outros. Em 1993, fundou a Patuá Dance Companhia de Dança-Teatro e em 2005, a Patuá DanceAbility, ambas no País de Gales. Cinco anos depois, em 2010, criou a Dança sem Fronteiras, no Brasil. 

SERVIÇO

Dia 13 de junho – Às 15h: Ciranda De Retina e Cristalino  

Dia 14 de junho – Às 16h: Frestas Poéticas, com audiodescrição, por Bell Machado; às 19h: Ciranda de Retina e Cristalino, com audiodescrição, por Bell Machado]

Foto: Fellipe Oliveira/Divulgação

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